Tetraplegia: exoesqueleto possibilita a recuperação dos movimentos

O jornal O Globo publicou uma matéria no início desse mês, noticiando mais um avanço tecnológico no campo da medicina. A vitória dessa vez é de um experimento que utiliza uma armadura robótica para oferecer a um homem tetraplégico a possibilidade de voltar a movimentar os seus membros.

A notícia animou a comunidade científica e mostra os desenvolvimentos que se abrem para esses pacientes. Falaremos aqui sobre a tetraplegia e os detalhes da tecnologia que deve auxiliar os portadores desta doença.

O exoesqueleto

A tecnologia utilizada pelo francês foi desenvolvida por uma equipe da Clinatec, liderada pelo engenheiro Jean Therme e pelo neurocirurgião Alim-Louis Benabid. A empresa desempenha um papel fundamental na luta contra a Doença de Parkinson, o câncer e a incapacidade dos quadriplégicos andarem.

O exoesqueleto consiste em uma armadura que possibilitaria à pessoa que a veste movimente as partes paralisadas do seu corpo utilizando a mente. Para isso, é necessário realizar o implante cerebral de duas placas com 64 eletrodos cada.

Após a cirurgia, é realizada uma série de testes para que a pessoa se habitue à tecnologia. Num primeiro momento, a adaptação acontece por meio de um simulador virtual, onde a pessoa controla um personagem de jogo, para aí sim passar aos testes com as armaduras. No total, elas pesam 65kg!

O voluntário do experimento foi um jovem de 30 anos, que sofreu uma queda há quatro anos. Desde então, o rapaz se transporta por meio de uma cadeira de rodas elétrica comandada por um joystick.

Após essa etapa de testagem, a Clinatec diz que necessitará de 12 milhões de euros para tornar o sistema reativo, fácil de utilizar e pronto para a distribuição.

Tetraplégicos x paraplégicos

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A tetraplegia (ou quadriplegia) é a impossibilidade de uma pessoa movimentar os braços, pernas e tronco. A principal razão é a lesão na coluna cervical, que geralmente acontece pelos seguintes motivos:

  • Traumatismos em acidentes;
  • Hemorragia cerebral;
  • Sérias deformidades nas colunas; ou
  • Doenças neurológicas.

Várias disfunções são acarretadas por causa dessa doença:

  • Perda do tato na região afetada;
  • Úlceras por pressão;
  • Fraqueza ou espasmos musculares;
  • Dor neuropática;
  • Dificuldade para respirar;
  • Disfunção sexual;
  • Osteoporose;
  • Alteração do funcionamento da bexiga e do intestino;
  • Suor inexplicável; e
  • Alterações na circulação sanguínea.

Disfunções estas que podem provocar ainda mais distúrbios.

Os problemas que essa doença causa vão além das complicações biológicas, afetando a vida social do tetraplégico:

  • Dificuldade de locomoção;
  • Difícil acesso a tratamentos;
  • Incapacidade de fazer tarefas diárias básicas, como se alimentar ou ir ao banheiro;
  • Barreiras para se relacionar;
  • Preconceito; entre outras.

Se destrincharmos a palavra “tetraplegia”, temos as raízes “plegia”, que significa “falta de movimentação”, enquanto “tetra” remete a “quatro”.

Está aí a principal diferença entre ela e a paraplegia: paraplegia é a paralisia do corpo da cintura pélvica para baixo.

Photo by Audi Nissen on Unsplash

Entende a importância dessa nova tecnologia? O exoesqueleto promete melhorar a rotina das pessoas que sofrem com essas paralisias e tende a garantir uma evolução nos seus quadros clínicos, diminuindo as complicações advindas da tetraplegia.

Ao conhecer um pouco mais sobre as tentativas da medicina e da luta contra essas enfermidades, a nossa expectativa é que você se conscientize e dê mais espaço à ciência.

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