Exercícios físicos podem prevenir o Alzheimer

Pesquisa publicada em 2019 indica que o hormônio irisina é capaz de causar efeitos benéficos ao cérebro e à memória

Imagem: Unsplash

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Exercitar-se com frequência proporciona uma série de benefícios ao corpo. Atividades físicas são consideradas pela Medicina um remédio natural contra infarto, acidente vascular cerebral (o temido AVC), depressão, câncer, entre outros. Contudo, estudos recentes mostraram que benefícios para o cérebro também são conquistados com exercícios físicos. A publicação da Nature Medicine, uma revista com enfoque em descobertas da Medicina, mostra que a prática de exercícios é um grande e promissor aliado para evitar que a doença de Alzheimer seja agravada. Além disso, também foram detectadas melhoras no desempenho da memória.

A doença de Alzheimer

Alois Alzheimer foi um neurologista alemão, responsável pela primeira descrição da patologia. Essa doença trata-se de um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal, que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometendo agressivamente atividades básicas do dia a dia do afetado e mostrando uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.

A doença se instala quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Os fragmentos mal instalados tornam-se tóxicos dentro dos neurônios e dos espaços que existem entre eles. Essa toxicidade ocasiona a perda progressiva dos neurônios de certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio.

Os efeitos da irisina

Pelo Alzheimer se tratar de uma das doenças que mais assustam as pessoas – graças aos danos irreversíveis à memória – pesquisadores brasileiros buscaram maneiras de tratar essa enfermidade de alta incidência em idosos. O bioquímico Sergio Ferreira e a neurocientista Fernanda de Felice, em conjunto com cientistas estrangeiros, analisaram os efeitos neurais gerados pelos exercícios físicos. A investigação se estendeu pelos últimos sete anos e os cientistas foram capazes de coletar evidências convincentes dos efeitos benéficos do hormônio irisina ao cérebro.

A irisina foi descoberta em 2012 e é secretada pelo tecido muscular enquanto a pessoa se exercita fisicamente. A substância funciona como uma espécie de transmissora de mensagens químicas da atividade física pelo corpo. O nome é uma homenagem à Íris, da mitologia grega, a deusa mensageira.

O experimento

Os experimentos foram realizados em ratos. A equipe notou que o aumento da liberação do hormônio irisina pelos músculos está ligada com melhorias na memória, e que essa substância também é produzida pelo cérebro.

Os autores demonstraram nos estudos feitos da Universidade de Harvard que o hormônio melhora, nos roedores, os sintomas do diabetes tipo 2. Indivíduos com essa doença, ligada ao metabolismo, apresentam mais chances de terem Alzheimer.

Segundo os pesquisadores, os níveis reduzidos da irisina no cérebro de pacientes e em modelos animais reforçam a ideia de que a sinalização hormonal cerebral é relacionada com a formação da memória.

Um dos grupos de camundongos foi submetido a nadar uma hora por dia, durante cinco semanas. Identificou-se que a atividade aumentou a concentração de irisina e tornou os animais mais aptos a aprendizagem. Já o segundo grupo foi submetido a doses regulares do hormônio e o procedimento foi capaz de reverter a perda de memória causada pela doença neurodegenerativa.

As recentes descobertas são muito importantes pois a doença não possui um tratamento definitivo ou capaz de retardar sua progressão, apenas ajudam a mascarar os sintomas do Alzheimer.

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