HIV: vacina é testada pela primeira vez em humanos

Após 15 anos de pesquisa e testes clínicos para a vacina contra o HIV, a imunização entra em fase avançada

A equipe responsável pelos estudos em torno do desenvolvimento da vacina contra o HIV, Projeto Mosaico, anunciou no mês de julho que a fase mais avançada de testes clínicos, ou seja, os testes em humanos, poderá ser iniciada. Sete países foram escolhidos para isso, e são eles Argentina, Brasil, Estados Unidos, Espanha, Itália, México, Peru e Polônia.

Três mil e oitocentos voluntários destes países estão envolvidos nos testes, que devem ser iniciados no final de 2019. As informações foram todas apresentadas na 10ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS sobre a Ciência do HIV (IAS 2019), que aconteceu na Cidade do México. Segundo uma das cientistas do caso, a holandesa Hanneke Schuitemaker, a equipe espera finalizar os resultados iniciais em até dois anos.

Como funciona a vacina?

Toda a pesquisa do Projeto Mosaico trabalha através do conceito de “mosaico” de antígenos, um método pelo qual as vacinas podem ser desenvolvidas. Há uma compressão de diversos subtipos do vírus do HIV para que, ao introduzidos no corpo humano, induzam respostas imunológicas contra a maior parte das variações do vírus que estão presentes no mundo.

Todos os participantes dos testes irão receber as quatro doses de imunização e também um pacote para a prevenção do HIV, o que inclui o acesso a medicamentos de PrEP (Profilaxia pré-exposição).

Público alvo

A escolha dos participantes se deu como prioritária para as populações de risco. Por exemplo, em um projeto parecido, feito no continente africano, as mulheres foram prioridade no recebimento da vacina. Segundo a Unaids (Agência das Nações Unidas de Luta contra a AIDS), na África as mulheres representam quase 60% dos casos de incidência do vírus.

Já nas Américas e na Europa o perfil é diferente. Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças – tradução livre) dos Estados Unidos, a maior parte do grupo de risco encontra-se no perfil de homens que mantém relações sexuais com outros homens e mulheres transexuais. Ao todo, representam dois terços dos diagnósticos. Indivíduos entre 18 e 60 anos serão os que receberão vacina de teste.

Alternativa ao tratamento oral

O tratamento PrEP, via oral, foi aprovado pela FDA (Food and Drugs Administration), dos Estados Unidos, em 2012. Desde 2017 o medicamento é oferecido de maneira gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde), para grupos considerados mais vulneráveis ao HIV, como homens homo e bissexuais, mulheres transexuais, profissionais do sexo e pessoas em um relacionamento com alguém que tenha o vírus.

Apesar do método ser considerado um sucesso e uma revolução no combate ao HIV, antes feito somente com o preservativo, pesquisas mostrar que a taxa de adesão ao tratamento, o índice de pessoas que o seguem à risca, cai com o tempo. Essa taxa pode cair pela metade, segundo especialistas porque as pessoas se cansam ou se esquecem de tomar o comprimido diariamente. O medicamento funciona como as pílulas anticoncepcionais neste aspecto, ou seja, se não estiverem sendo tomadas todos os dias não funciona.

 

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